quarta-feira, 28 de março de 2012

Via Láctea pode abrigar bilhões de 'superterras', dizem astrônomos


Dados mostram que galáxia tem vários planetas similares ao nosso em 'zonas habitáveis' de estrelas
28 de março de 2012 | 10h 29


Uma equipe de astrônomos afirma que pode haver bilhões de planetas não muito maiores que a Terra circulando estrelas próximas de sua supernova (explosão) em nossa galáxia. A estimativa dos especialistas para o número de "superterras" existentes tem como base as descobertas já feitas sobre a população das chamadas estrelas "anãs vermelhas" na Via Láctea.

Para chegar a essas conclusões, a equipe utiliza equipamentos com a tecnologia Harps (High Accuracy Radial Velocity Planet Searcher, ou Buscador de alta precisão da velocidade radial dos planetas na tradução do inglês) do Observatório de Silla, no Chile, que identifica a existência de planetas por meio das alterações que a gravidade de tais corpos provocam na estrela cuja órbita habitam.
"Nossas novas observações com o Harps mostram que cerca de 40% das anãs vermelhas tem uma superterra na zona habitável de sua órbita, onde pode haver água líquida na superfície do planeta", disse Xavier Bonfils, líder da equipe de astrônomos. "Como essas estrelas são comuns - há cerca de 160 bilhões delas na Via Láctea -, isso nos leva ao incrível dado de que há dezenas de bilhões desses planetas somente na nossa galáxia", completa.
As descobertas foram feitas depois de 102 anãs vermelhas - estrelas menores, menos brilhantes e menos quentes que o Sol - serem cuidadosamente analisadas. Foram encontradas nove superterras (planetas com até dez vezes a massa da Terra), e duas orbitando dentro da zona habitável da órbita das estrelas.
Com todos esses dados, incluindo a observação de estrelas que não abrigavam planetas em sua órbita, os astrônomos fizeram estimativas sobre a probabilidade de certos tipos de planetas poderem estar perto das anãs vermelhas. Tudo isso sugere que a existência de uma superterra na zona habitável de uma estrela ocorre em 41% dos casos, com uma ampla margem que varia entre 28% e 95%.
Dada a quantidade de anãs vermelhas próximas do Sol, poderia haver até cem superterras nas zonas habitáveis a menos de 30 anos-luz do nosso planeta. "A zona habitável de uma anã vermelha, onde as temperaturas são ideais para a existência de água líquida na superfície, é mais perto da estrela do que a Terra está do Sol", comentou Stephane Udry, outro dos pesquisadores. "Mas nas anãs vermelhas há erupções, que banham os planetas com radiação ultravioleta, por exemplo, o que torna a existência de vida menos provável", completa.